domingo, 6 de abril de 2014

Nas aulas de história, nasce o interesse pelo Rio Antigo! Uma resumo sobre a derrubada do Morro do Castelo e do Palácio Monroe

Desde criança sempre fui apaixonada pelo Rio Antigo e sempre sonhei em fazer história como profissão e não música, apesar de sempre gostar de tocar flauta doce, cantar e ouvir música. Mas quem me fez gostar muito de história foi o meu pai. Nas aulas que ele me dava sobre história, na época do colégio, eu imaginava tudo o que ele me dizia: as ruas estreitas, os casebres antigos, o Brasil colonial, o Dia do Fico, a Independência do Brasil, as revoluções, Guerra do Paraguai, Proclamação da República, Ladeira da Misericórdia, Morro do Castelo...

Eu imaginava tudo.

A aula de história era uma longa conversa agradável sobre o passado, e não uma aulinha chata e sem graça sobre decorar nomes e datas.

Um belo dia resolvemos pegar o metrô e ir até o Largo da Carioca...

Para quê? 

A ideia de papai era me levar ao Centro para fazer um passeio pelos lugares antigos da cidade, que haviam sobrevivido ao desvario dos tempos e dos homens. E assim mostrar a sua filha os  lugares que ela não conhecia.

Nesse dia fomos ao Convento de Santo Antônio, andamos pela Rua do Ouvidor, demos uma passadinha na Confeitaria Colombo, Escola de Música da UFRJ e depois um passeio de bonde, saindo da velha Estação do Bonde do Largo da Carioca (que hoje não funciona mais), passeando sobre o Aqueduto da Carioca (os Arcos da Lapa) até Santa Teresa!!

Deu para resumir um pouco do que foram as minhas aulas de história dadas pelo meu pai. Dá para entender de onde veio essa minha paixão pelo Centro do Rio e o Rio Antigo. 

Como sinto saudades dessas aulas...


Falando objetivamente, o Centro foi massacrado pela onda modernista da década de 60 e até mesmo de décadas anteriores. Na década de 20 mesmo, acontece o surto de derrubar o Morro do Castelo!!! Ele foi derrubado no início do século 20 e dele resta hoje apenas uma solitária ladeira, a famosa Ladeira da Misericórdia.

Quem passeia agora pela área calorenta onde existia o morro - delimitadas pelas ruas Marechal Câmara, Presidente Antônio Carlos... - vai se espantar com o argumento usado para a demolição: melhorar a circulação de ar.

Diz a lenda que um dos argumentos que também foram utilizados para a derrubada foi de que havia ouro embaixo do morro...

A terra retirada do morro foi usada em aterros que afastaram o mar do Centro. A área plana que restou do desmonte virou o bairro Castelo.



Um outro surto que me deixou muito furiosa, foi a demolição do Palácio Monroe.

O Palácio Monroe foi demolido por ordem do presidente Geisel em 1975. Ele ficava na Praça Mahatma Gandhi. Foi construído no início do século XX. Ele era a réplica do Pavilhão Brasileiro na exposição de 1904 em Saint Louis, nos Estados Unidos e erguido no Rio dois anos depois.

Fiquei sabendo da existência desse palácio há pouco tempo. Descobri que ele havia existido na Cinelândia por causa da página do Facebook:"O Rio de Janeiro que não vivi". Fiquei impressionada com o argumento usado na época para a demolição: abrir a paisagem e a desculpa do metrô da Cinelândia.

Conta a lenda que a derrubada teria sido necessária para dar passagem ao metrô. Não é verdade!

O palácio fora respeitado pelos trilhos, que fizeram uma curva entre a Cinelândia e a Glória só para preservá-lo. Conta-se que foia curva mais cara da cidade!!!

Aí vão algumas fotos do palácio e a notícia do jornal da época:


                     Palácio Monroe sendo construído em 1906.


   O Palácio no Início do Século XX com o Obelisco da Cinelândia.


Os trilhos do metrô respeitando o palácio

Uma notícia de jornal da época...


Enfim, deu para conhecer um pouquinho do surto do progresso que tomou conta do Rio de Janeiro. Perdemos muitos tesouros. Com o Corredor Cultural dos anos 80, houve uma conscientização de que não se sobrevive botando tudo abaixo. Preserva-se, tomba-se e protege-se às vezes até com radicalismo.

Pelo menos a cidade tornou-se mais consciente e quando se faz um passeio pela cidade do Rio de Janeiro, podemos ver claramente o antigo se misturando com o novo, o moderno.


Resolvi escrever este texto para mostrar a paixão que sempre tive pelo Rio Antigo, e a vontade que tenho de conhecer certos lugares que ainda não tive a oportunidade de visitar. Por isso estou lendo bastante sobre o assunto, pesquisando fotos e fontes, para não só conhecer minha cidade, mas para mostrar a cidade para amigos que vem de fora, assim como meu pai fez comigo na infância, e que hoje guardo boas lembranças. 


Se não fossem as maravilhosas aulas do papai no primário, eu não sei se hoje estaria lendo e estudando sobre a história do meu Rio. :)







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